Objetivos do Plano Pastoral

Envolver os jovens na edificação da Igreja • Proporcionar aos jovens o encontro com Jesus Cristo • Acompanhar o discernimento vocacional dos jovens

Envolver os jovens na edificação da Igreja.

Proporcionar aos jovens o encontro com Jesus Cristo.

Acompanhar o discernimento vocacional dos jovens.

Envolver os jovens na edificação da igreja

Uma presença desejada

Comecemos por dizer que há muitos adolescentes e jovens presentes na vida da Igreja. Basta pensar, na nossa Diocese, nos jovens que semanalmente estão envolvidos na Catequese, no CNE, nos Grupos de Jovens, nos Grupos do Ensino Superior, nos serviços pastorais (coros litúrgicos, acólitos, catequistas, grupos de voluntariado socio-caritativo). A Igreja é a maior ‘escola’ de voluntariado nestas idades. Contudo, todos sentimos a falta de adolescentes e jovens na celebração da missa e noutros momentos da comunidade. Este desfasamento obriga-nos, necessariamente, a renovar os dinamismos da pastoral comunitária para os tornar mais adequados aos objetivos de evangelização e vida eclesial nesta faixa etária.

Protagonistas da ação da Igreja

Este olhar exige que reforcemos dinamismos que envolvam, cada vez mais, os jovens na edificação da Igreja. O envolvimento passa pela escuta e por torná-los protagonistas da própria ação da Igreja. Precisamos, por um lado, de escutar as suas necessidades, as suas angústias, as suas ideias, as suas opiniões, as suas alegrias, as suas perspetivas e as suas sugestões. Por outro lado, precisamos de tornar os jovens mais protagonistas do agir pastoral e da evangelização (cf. ChV, 202). Não basta acolher os jovens, é preciso torná-los protagonistas. O Papa Francisco recorda-nos que “muitos jovens cansam-se dos nossos programas de formação doutrinal, e mesmo espiritual, e às vezes reclamam a possibilidade de ser mais protagonistas em atividades que façam algo pelas pessoas” (ChV, 225).

‘Sair do sofá’

Um dos maiores desafios de hoje será ‘tirar’ os jovens de casa, do telemóvel, dos seus comodismos. A este propósito o Papa insiste: “Jovens, não renuncieis ao melhor da vossa juventude, não fiqueis a observar a vida da varanda. Não confundais a felicidade com um sofá nem passeis toda a vossa vida diante dum visor” (ChV, 143). No entanto, importa sublinhar que hoje o envolvimento passa por novas formas e novos ambientes, onde não podemos esquecer o papel dos meios de comunicação social. “Em muitos países, a web e as redes sociais já constituem um lugar indispensável para se alcançar e envolver os jovens nas próprias iniciativas e atividades pastorais” (ChV, 87).

Cultivar a proximidade

O envolvimento passa por compromissos concretos, por convites objetivos, por relações pessoais e próximas. À imagem da relação de Jesus com os seus discípulos, precisamos de ‘perder’ tempo com eles, de ir ao seu encontro nos locais de estudo e de vida, precisamos de ter lugares para eles nas nossas comunidades. Precisamos de contar verdadeiramente com eles, com as suas ideias, com a sua participação na construção das comunidades cristãs.
A força do testemunho
Este envolvimento não pode ignorar e esquecer os que estão ‘fora’ da Igreja, desde logo, os que não andam na catequese nem participam na celebração da missa. Certamente que este será o maior desafio para o qual os próprios jovens são determinantes como primeiros e principais evangelizadores dos outros jovens (cf. ChV, 219) – uma missão que não é fácil nem cómoda (cf. ChV, 178). Precisamos de jovens que digam a outros: ‘Deus Ama-te’ (ChV, 112); Cristo Vive (cf. ChV, 124); Cristo poderá estar na tua vida, em cada momento, para a encher de luz (cf. ChV, 125); Cristo quer que tenhas mais vida e vida em abundância (cf. Jo 10,10).

PROPORCIONAR AOS JOVENS O ENCONTRO COM JESUS CRISTO

Encontro pessoal e comunitário

Toda a relação começa num encontro pessoal. O encontro reforça laços, empatia e cumplicidade. Muitas vezes, corremos o risco de andar ‘desencontrados’ e, por isso, fechados em nós mesmos, desencontrados dos outros, de Deus e até de nós próprios. Este desencontro tem consequências na própria comunidade. Onde não há encontro sobra egoísmo, invejas e conflitos.

Por isso, cada comunidade cristã e cada dinamismo eclesial deve procurar proporcionar aos jovens o encontro pessoal com Cristo, encontro sereno e pleno, capaz de entusiasmar e reforçar compromissos. Precisamos de dizer a cada jovem: “Ele pode mudar a tua vida, pode iluminá-la e dar-lhe um rumo melhor’” (ChV, 131).

 

Keryma e amor fraterno

Neste objetivo precisamos de assumir um plano “que esteja centrado em dois grandes eixos: um é o aprofundamento do Kerygma, a experiência fundante do encontro com Deus através de Cristo morto e ressuscitado; o outro é o crescimento no amor fraterno, na vida comunitária, no serviço” (ChV, 213).

Neste sentido, quanto ao Kerygma ou primeiro anúncio, toda a “pastoral juvenil deveria incluir sempre momentos que ajudem a renovar e aprofundar a experiência pessoal do amor de Deus e de Jesus Cristo vivo. Fá-lo-á valendo-se de vários recursos: testemunhos, cânticos, momentos de adoração, espaços de reflexão espiritual com a Sagrada Escritura e, inclusivamente, com vários estímulos através das redes sociais” (ChV, 214). Quanto ao segundo eixo, o crescimento no amor fraterno “deve incorporar claramente meios e recursos variados para ajudar os jovens a crescerem na fraternidade, a viverem como irmãos, a ajudarem-se mutuamente, a criarem comunidade, a servirem os outros, a estarem perto dos pobres” (ChV, 215).

Para uma vida cheia de sentido

O encontro pessoal e comunitário com Cristo abre-nos a uma existência cheia de sentido, uma felicidade que mais não é do que o caminho da santidade. De facto, “ser santo não significa revirar os olhos num suposto êxtase” (GE, 96). Ser santo é ser feliz à maneira de Cristo como podemos perceber nas bem-aventuranças (cf. GE, 64), uma felicidade, feita de gestos e de palavras concretas, que se vê no rosto e no ‘estilo de vida’ quotidiano.

Esta vida de santidade precisa de ser alimentada nos sacramentos, especialmente na Eucaristia e na Reconciliação, e nos múltiplos encontros da comunidade e do compromisso cristão. Muitos jovens de hoje “pedem propostas de oração e momentos sacramentais que incluam a sua vida quotidiana numa liturgia nova, autêntica e alegre” (ChV, 224).
Mas não “podemos separar a formação espiritual da formação cultural” (ChV, 223) e social. Não podemos esquecer as áreas da filosofia, das humanidades, da ecologia integral (cf. LS, 11), da justiça e da caridade; nem as expressões artísticas do teatro, da música, da pintura… (cf. ChV, 226).

Acompanhar o discernimento vocacional dos jovens

Caminho acompanhado

Todo o discernimento profundo exige não só confronto com a Palavra de Deus, mas também o diálogo com pessoas que podem ajudar a ver mais claro o caminho. O acompanhamento é determinante no processo do discernimento. Também “os jovens precisam (…) de ser acompanhados. A família deveria ser o primeiro espaço de acompanhamento. Por isso, é necessário que a pastoral juvenil e a pastoral familiar tenham uma continuidade natural, trabalhando de maneira coordenada e integrada para se poder acompanhar adequadamente o processo vocacional” (ChV, 242).

Experiência de liberdade

Mas neste discernimento vocacional, diz o Papa que os jovens podem ser acompanhados por sacerdotes, religiosos, religiosas, leigos, profissionais e até jovens capacitados para tal (Cf. ChV, 291). O fundamental é ter presente que “um bom discernimento é um caminho de liberdade que faz aflorar esse carácter único de cada pessoa, isso que é tão seu, tão pessoal, que só Deus conhece” (ChV, 295).

Caminhar com Jesus

Neste sentido, “para discernir a própria vocação, deve-se reconhecer que essa vocação é o chamamento de um amigo: Jesus” (ChV 287). De facto, o Papa propõe este ‘discernimento de amizade’ como modelo para descobrir qual a vontade de Deus para a vida de cada pessoa (Cf. ChV, 287), um Deus que se faz companheiro de viagem como Jesus com os discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 13-32).

Uma vida irrepetível

Neste discernimento acompanhado por Cristo e por outras pessoas, cada jovem é desafiado a ser ele mesmo e não uma fotocópia (cf. ChV, 106). Diz o Papa Francisco: “atreve-te a ser mais, porque o teu ser é mais importante do que qualquer outra coisa. (…) Assim não serás uma fotocópia. Serás plenamente tu próprio” (ChV, 107).

Ser para os outros

Contudo, alerta: “tu podes interrogar-te sobre quem és e passar uma vida inteira a procurar a tua própria identidade. Interroga-te, antes ‘para quem sou eu?’” (ChV, 286). No fundo precisamos de nos interrogar: “Como posso servir melhor e ser mais útil ao mundo e à Igreja? Qual é o meu lugar nesta terra? Que poderia eu oferecer à sociedade?” (ChV, 285). Para ajudar a encontrar resposta a estas perguntas importa comprometer os jovens “em iniciativas de voluntariado, de cidadania ativa e de solidariedade social” (ChV, 170).

Caminho batismal

Todos estes dinamismos hão de ajudar cada jovem a descobrir a sua própria vocação. Todos temos uma vocação. Todos somos chamados à vida, à vida plena, à vida em Deus. Todos somos desafiados a sermos felizes com os critérios do Evangelho, isto é, à maneira de Jesus Cristo. A partir do nosso batismo, precisamos de descobrir como podemos concretizar essa vocação: como família, como padre, como religioso, como missionário, como consagrado, como leigo…

A vocação não se esgota no horizonte eclesial, mas abre-se também ao mundo e realiza-se para além das ‘paredes da igreja’: na profissão, na política, no associativismo, no voluntariado, nas diferentes relações quotidianas.